terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Egoísmo Natalino

O ser humano é um ser realmente muito complexo e difícil de ser entendido, estudado. Sua mente é um mistério, e sua forma de agir é totalmente intrigante. Durante um passeio hoje a tarde, deparei-me com uma cena que talvez possa ser comum a maioria das pessoas, mas que para mim, soa como indignação e revolta, dor. Ao andar pelas ruas do centro da cidade, olhando ao meu redor, de súbito encontrei algo na calçada. Intriguei-me e forcei a vista para enxergar melhor; pude ver então uma mulher, suja, maltrapilha, derrotada, sentada ao lado de um poste que indicava 'zona azul', em meio aos carros luxuosos de quem estava por ali. No colo dessa mendiga, havia uma menina, como me faltam adjetivos usarei novamente maltrapilha e suja, era essa a realidade. A garota aparentava ter entre 3 e 4 anos, e sua -talvez- mãe eu nem procurei adivinhar, pois o choque que tive ao ver aquela cena foi ímpar. A mulher segurava tua filha nos braços, e com uma das mãos enxugava sua lágrimas. Isso é o bastante para uma descrição, certo? Fato é que eu não soube agir naquele momento. Passei por elas como todas aquelas pessoas passavam, mas trouxe parte do sofrimento delas comigo, sofrimento esse que me fez pensar em chamar esse post de Egoísmo Natalino. Parei e pensei se existe mesmo o espírito natalino que todos falam. Um mês antes do tão esperado Natal, as lojas começam a se encher, as decorações surgem, todos começam a procurar presentes, roupas novas, tudo novo.. menos um espírito novo. Creio que o ser humano em sua maioria absoluta ainda não sabe onde isso pode ser encontrado. Enquanto aquelas duas pessoas estavam sendo tratadas como parte da calçada, certamente precisando de um alimento e de dignidade, de meios para contornar essa situação tão pesarosa, milhares de pessoas estão preocupando-se apenas com o infeliz materialismo. É isso que as fazem feliz? Ainda não encontrei essa felicidade, nem espero encontrá-la. Não estou tirando a culpa que eu também tenho, afinal, eu as vi ali, e não fiz absolutamente nada, como sempre, afinal o ser humano quase nunca faz nada, apenas se lamenta. Digo sim, que queria poder ter ajudado, mas não o pude, não sabia como o fazer. Mas cai mais ainda na real, enxerguei além do que eu já via antes, não trouxe nada para casa, não consegui pensar em reclamar atendendo a fúteis caprichos sabendo que aquela mulher não podia nem ao menos dar o que comer a sua filha. 
O que mais me aborrece é que sei que aquela cena não é exclusiva, ela é corriqueira, ela bate a nossa porta diariamente e não há nada a se fazer, ou pelo menos ainda não encontramos algo que possa ser feito. Podemos comprar, usar, descartar, mas permaneceremos pobres de espírito, não só no Natal, pois, se dizem que o Natal é a época mais solidária do ano, o que cabe a nós dizer do restante? Será que nosso espírito empobrece, regride? 
Para se pensar.

Um comentário:

  1. Máah...você escreve muito bem u.u
    e como sempre, vivemos em um mundo individualista, como sempre xD
    Se todos pensassem como você, aposto que estaria bem melhor, não axa? ;D
    ÓTIMO POST! *---* muito fera seu Blog, sempre foi! :D

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